Vocalista do New York Dolls fala sobre o retorno da banda e shows que fará no Brasil

Pela primeira vez na América do Sul, a banda nova-iorquina New York Dolls se apresenta no dia 10 de abril, no Hangar 110, em São Paulo, e no dia 11 em Recife, no festival Abril pro Rock.

Depois de 30 anos separados, o NY Dolls se reencontrou, em 2004, graças a um convite de um dos maiores fãs do grupo: o ex-vocalista dos Smiths, Morrissey. Depois disso, iniciou uma maratona de shows pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos e lançou o disco "One Day It Will Please Us to Remember Even This" em 2006.

Nos shows no Brasil, o New York Dolls promete um repertório que inclui antigos sucessos e as músicas do álbum novo. O disco traz um NY Dolls renovado: o barulho e som pesado que são marcas registradas da banda junto a elementos de blues e folk.

Dos integrantes originais, estão David Johansen nos vocais e Sylvain Sylvain na guitarra. Para assumir o baixo, foi convidado Sami Yaffa, fundador da banda finlandesa dos anos 80 Hanoi Rocks. Steve Conte (que tocou na David Johansen & The Harry Smiths) entrou como guitarrista e Brian Delaney como baterista. "Todos na banda têm a mesma idéia de como rock´n´roll deve ser: divertido, com curtição. Escolhemos pessoas com a mesma filosofia, que conhecíamos e éramos amigos", explicou David Johansen em entrevista ao UOL.

O grupo criou o punk rock antes mesmo do termo existir. Unindo elementos como androginia, glam rock (cor-de-rosa, acessórios e plumas), anarquia e a moda punk de Vivienne Westwood, a banda foi responsável pela formação de uma geração de músicos em Nova York e Londres nos anos 70, como Sex Pistols, The Clash, The Ramones e Aerosmith.

A banda tem três álbuns de estúdio lançados, além de compilações e gravações ao vivo. Destes, dois são clássicos que figuram entre os 200 discos mais importantes da história do rock mundial, segundo a revista "Rolling Stone": "New York Dolls" (1973) e "Too Much Too Soon" (1974). Eles trazem músicas que marcaram a carreira do NY Dolls, como "Trash", "Personality Crisis", "Jet Boy", "Babylon", "It´s too late", "Pillls" e "Looking for a Kiss".

Leia abaixo os melhores trechos da entrevista com o vocalista David Johansen, que falou sobre os shows no Brasil, o retorno do NY Dolls após 30 anos e o mais recente disco.

UOL: O New York Dolls fará sua primeira turnê pela América do Sul e tocará em São Paulo. Qual a expectativa da banda para esse show?
David Johansen: Eu não sei se temos uma expectativa. Expectativa é criação de um pré-plano, o que nunca temos. Quando se é uma banda e se vai a vários lugares tocar sua música, você só deve esperar tocar para se divertir. Mas imagino que vamos tocar rock´n´roll e ter bons momentos no Brasil.

UOL: Vocês esperaram 30 anos para gravar um novo álbum logo após a volta da banda. Como foi esse reencontro com os integrantes e a música do NY Dolls depois de tanto tempo?
Johansen: Quando o Morrisey entrou em contato com cada um de nós e propôs o concerto que ele estava planejando, nós decidimos que ainda poderíamos nos divertir com isso. Então fomos a Londres para fazer um show e acabamos fazendo dois. Não era nossa intenção. E, então, recebemos boas críticas por lá. E surgiram vários convites para tocar em festivais no Reino Unido. Decidimos aceitar porque estávamos nos divertindo tanto. Depois de um ano, nós dissemos: "parece que voltamos a ser uma banda, então vamos gravar um disco". Não havia um plano de nos reunir e continuar como banda, mas acabou acontecendo e isso foi um passo para começarmos a escrever nossas músicas.

UOL: Como foi o processo criativo e de composição do novo album do grupo? Vocês conseguiram criar um disco totalmente novo, sem nostalgia, mas com uma identidade musical do NY Dolls clara.
Johansen: Eu acho que provavelmente tem algo a ver com química. Se colocam eu e Syl (Sylvain Sylvain) juntos, existe uma certa química nisso. Não é algo que nós apenas falamos, é algo que realmente acontece. Logo depois dos shows, decidimos gravar o disco e aceitamos o acordo da gravadora. Eles nos ligavam toda semana e falavam "espero que vocês estejam escrevendo as músicas". E nós dizíamos que sim, claro! Então um dia eles ligaram e disseram que em um mês começaríamos a gravar o álbum no estúdio. Só daí paramos e pensamos: "melhor escrevermos algo" (risos). E daí nos encontrávamos todos os dias e tocávamos. E escolhemos para o disco as músicas que todos gostavam de tocar. Por exemplo, eu dizia pra tocar uma música que fizemos. Aí, no próximo dia, eu falava para tocarmos de novo aquela música e o resto da banda já estava desanimado com ela. Então era hora de esquecê-la. E assim só ficaram as músicas que todos não cansamos de tocar. O mais importante é não fazer disso tudo um trabalho, tem de ser pela música.

UOL: Hoje vocês podem dizer isso a uma gravadora. E no início da banda, como acontecia?
Johansen: Nós nunca consideramos nenhuma pressão. Para nós, gravar é bom e pronto. Nunca pensamos muito sobre o assunto música. Fazíamos o bom e não nos preocupávamos com isso.

UOL: Quais músicas o público pode esperar nos shows do New York Dolls no Brasil?
Johansen: Vamos tocar um pouco de cada álbum. Mas só escolhemos as músicas 10 minutos antes do show . Você tem algum pedido?

UOL: Sim. Trash e Jet Boy.
Johansen: Então iremos tocar.

Fonte: UOL

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