A última palavra sobre ovo, gordura, sal, açúcar e café

imagem de ovo com curativoNuma crônica publicada em 1997, o escritor João Ubaldo Ribeiro desabafou, com seu tom irônico e impagável: “Não agüento mais de culpa, acusado de suicidar-me a cada instante”. O texto falava sobre alimentos que lhe rendiam prazeres, mas que estavam condenados, como a manteiga: “Deve ser incluída nas listas de drogas proibidas, juntamente com cocaína e heroína”. Sobre o café: “Causa males recentemente descobertos por um laboratório de Glasgow ou Amsterdã ou Jacarta, que poderão deixar o freguês abestalhado, tarado, astênico ou hiperexcitável a ponto de matar a família e ir ao cinema”. Referia-se à carne: “É caso de se embuçar para ir a uma churrascaria”. Para o ovo reservava um suspiro de adeus: “E uma omeletezinha? E ovos estrelados, daqueles reluzentes como o sol, que a gente encarava com requintes de esfregadinhas de pão na gema? Com presunto? Com bacon? Livrai-nos, Senhor, de todas essas pragas infernais”.

O tempo passou e as gostosuras citadas pelo escritor baiano saíram da lista negra e reconquistaram lugar à mesa. A tônica da nutrição, agora, é desaconselhar cortes radicais. “Não existe alimento vilão, mas consumo vilão”, diz o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, chefe de nutrição clínica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Com bom senso, esses prazeres podem, sim, compor os melhores cardápios.


Fonte: Claudia.abril

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